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Zé Umberto Dias e uma leitura dramática


José Umberto Dias é o nosso primeiro convidado para dirigir a primeira leitura dramática do ano, dentro do projeto Cine_Drama. Para quem não sabe esse projeto consiste em leituras dramáticas de textos de teatro que foram adaptados para o cinema juntamente com a exibição dos seus respectivos filmes.


O Cine_Drama começou em 2016. Fizemos cinco leituras e cinco sessões de cinema. Agora no primeiro semestre de 2017 dois cineastas também vão dirigir as leituras dramáticas. Convidamos duas pessoas de cinema para que pudessem dialogar com o texto teatral, acostumados estão com os seus roteiros cinematográficos. Um desafio, acreditamos. São eles, José Umberto Dias e Henrique Dantas, cineastas de reconhecido mérito.


No próximo dia 09 de maio faremos a leitura da peça "Vênus em Pele" do dramaturgo norte-americano David Ives, com direção do carinhoso e delicado Zé Umberto. A peça foi adaptada para o cinema por Roman Polanski cujo título ficou "A pele de Vênus".


A peça e o filme contam a mesma história: uma atriz se candidata a protagonista de uma peça e se apresenta para uma audição. O diálogo entre o diretor e a atriz revela nuances e camadas de um jogo de poder surpreendente. Meta teatro. Meta linguagem. No elenco da leitura, a atriz Cristina Leifer e o ator Carlos Betão. A peça e o filme se passam dentro de um teatro. A leitura dramática também. Vai ser no charmoso Teatro Sesi Rio Vermelho [R. Borges dos Reis, 9, Rio Vermelho]. A abertura será às 18h com o filme de Polanski e às 20h começa a leitura dramática. A entrada é franca.


Zé Umberto conduziu de forma muito elegante os ensaios dessa leitura. Eu o conheci como espectador de duas leituras que fizemos no ano passado. Não o conheço como diretor de cinema, mas está sendo um prazer ser dirigida por ele em uma leitura dramática. Ele é um diretor muito generoso, "um cineasta sergipano-baiano que fez seu primeiro longa de ficção “O Anjo Negro”, em 1972. Ao longo dos anos 70 produziu filmes documentais em super-8. Entre 1976 e 1977 foi coordenador da Imagem e do Som da Fundação Cultural do Estado da Bahia. Nos anos 80 e 90 realizou vários vídeos documentais para a TVE-Bahia/Irdeb, dentre os quais “Monte Santo – O Caminho da Santa Cruza”, “Salvador em Película – Um Século de Memória”, “Memória em Película – A Bahia e o Estado Novo”, “A Capoeiragem na Bahia” e “O Povo do Carnaval”. José Umberto Dias é também crítico de cinema, ensaísta, ator, roteirista, escritor, dramaturgo e poeta. Em 1984 escreveu e dirigiu o espetáculo teatral O Beijo Final. Em 2005 foi contemplado com o prêmio de estímulo à produção cinematográfica de baixo orçamento do Ministério da Cultura para a realização do longa “Revoada”, fruto de suas pesquisas nos últimos vinte anos sobre o cangaço."


E com essas palavras ele nos apresenta as suas considerações: "O exercício de leitura dramática funciona como uma experimentação. Como uma atuação em cena... embora sem ser atuação teatral propriamente. Talvez a situemos numa escala de sub-teatro. Não importa, aqui, situá-la. Mas, podemos abordar a questão de um modo sucinto. A leitura dramática como uma abertura de encenação-de-audição. E, nesse cenário, temos a presença do intérprete... do ator/atriz. O seu corpo e a sua voz no espaço e no tempo do palco, no nosso caso em particular. O corpo, todavia, tem expressão mínima. Há uma certa "imobilidade" corporal. E a voz assume o núcleo do espetáculo. Quase "pura" audição; uma proximidade com o radiofônico. Aí, então, entra a palavra e a sua articulação verbal. O verbo em ação cênica. A voz humana se projetando, se expandindo e buscando ritmo. A voz no ar! Essa polifonia que se desdobra em gradações, em arestas de silêncio, em respirações, emoções, graves & agudos, reverberações, ritmos, gritos & sussurros, grunhidos, até ruídos simultâneos, passos, assovios, murmúrios, riso, choro, convulsão, palmas, farfalhar de roupas... nossa sonoridade cotidiana tornando-se efeito de plasticidade auditiva. Assim participamos de um culto da fala e os seus sons subjacentes... suas sincronicidades e seus paralelismos. Podemos resumir a questão como uma sinfonia dos falares num contexto cênico de ênfase sonoro."

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